quinta-feira, 29 de março de 2012

Águas de verão



Águas tardias encerram o ciclo de verão.
Assim é a vida...feita de ciclos; ela é cíclica.
Esperanças ressecadas pelo cansaço de esperar,
Dão lugar a outros anseios...que terminarão na
Esperança de que desta vez, nada irá se perder.
Só que para existir, criar, recriar, é preciso ser!
Como as campinas que recebem a chuva, sedentas,
Não mais suportando o que as aniquila, o coração
Da criatura também é provocado pela mesma dor...
O coração é humano, até mais que a vida...
O coração está para o homem como o campo para
A verdejante manta que o faz belo!
São assim, as chuvas de verão...tal qual a vida!
Sempre haverá um "grand finale", antes que desçam
As cortinas...outro espetáculo vai começar!

autoria: Suzete Torres

O espelho II




Perguntaram-me como era o meu espelho...

Descrever espelho?! pensei.

Difícil...espelho é espelho, uma superfície

Polida que reflete luz, eu disse.

Novamente a pergunta:---- mas, o seu espelho?

Bem, para não faltar resposta, falei um pouco

Sobre a moldura do meu espelho. Disse que

Era oval e moldura comum, de madeira e ainda

Acrescentei ser bem antigo.

---O seu espelho, novamente a pergunta.

Pensei, pensei, pensei...resolvi caminhar até

O meu espelho...

Hábito esse, de todos os dias. Enfim...




Fixei meus olhos no espelho por alguns segundos.

Rapidamente vi, muitas linhas, uma película opaca,

Manchas arroxeadas, poucos pelos, duas contas

De um verde desbotado e dois traços levemente

Rosados.




Voltei até à pessoa que queria saber como

Era o meu espelho.

Com presteza, disse::---ah! agora entendi.

Descrevi os detalhes do espelho. Não queria

Mais perguntas. Percebi que a pergunta foi

Respondida.




Descolada de mim, como peixe ao se desencostar

Do vidro do aquário, pus-me frente ao meu espelho.

Resolvi recriá-lo...mais uma vez!

No momento impronunciável, onde só fiz permitir a minha

Sensibilidade, removi os estilhaços dos instantes de outrora,

E o poli com delicadeza. Nada mais foi preciso. Estava eu

À frente do espelho, refletor de minha alma.

Mesmo só, levemente inclinada...me enxerguei erétil, e, em

Perspectiva...ainda melhor!

autoria:: Suzete Torres


















quarta-feira, 28 de março de 2012

Pensamento...

As feições, lembrando o mármore de

Um altar, impunham reverências para

Se tocar...

Como cálice âmbar de cristal, as formas

Feitas de mortal beleza, compondo a

Silhueta semovente, passeiam céleres em

Meu pensamento.








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A boca jovem, ainda úmida, vejo.

E como faróis a alternar a luz, os

Olhos...do jade à água marinha,

Que de tão tristonhos...distantes.








Eis o esboço, hoje mulher, que guardo

Como segredo dessa miragem solta...

Se debalde for tanta minúcia recordada,

Não sei então porque rondar meu pensamento.



Se nesse quadro houver qualquer

Veracidade, fui eu a musa inspiradora

Do artista...


por:: Suzete Torres




terça-feira, 27 de março de 2012

Minha dor

Chora manso o meu íntimo
É dor...mas a dor enobrece
Sem gritos, sem desrespeito.
Encerra em silêncio...nada
Vale o desespero...
Espio do lado de fora, a dor
Por dentro; é crucial que eu
O faça...até a dor pede um
Olhar... 
Humildemente peço por nós:
"Ventura"...mais nada!






por:: Suzete Torres

segunda-feira, 26 de março de 2012


O Vento

Vento que salpica a poeira
Disfarçando dos olhos
O pranto da amada...

Vento que seca lágrimas
Deslizadas nas faces
Por total sofrimento...

Vento que balança as árvores
Abanando das folhas a
Antiga ternura...

Vento que sopra o destino
Levando o velho
Prometendo o novo...

Vento que alcança o perfume
Das flores me trazendo lenta
A lembrança do alento!

por::Suzete Torres








segunda-feira, 19 de março de 2012

Como a amoreira...




Vazio de amor, vinha


Cálido e sedento, como
Andorinha perdida,que
Dispersou do seu ninho.
Meus lábios, qual amora

Em licor, foram o cálice
Que o fez ébrio do visco

Doce dos lábios meus...



Meu corpo, quase frêmito de

Tanta espera e desejo, hospedava

O seu como anfitriã que não nega
O acolhimento...
Sempre tão breve
Era a sua despedida, mas
Sem nunca acenar um adeus!

Como a amoreira que cede

Às suas folhas, o bicho-da-seda,
Fomos tecendo o nosso mistério

De amor...revestido em seda fina,

Perolada e rara...como o fluido

Volátil que o desfaleceu pra sempre,

Num silêncio inquebrantável...como

Gosta, a chama!





autoria:: Suzete Torres




























































domingo, 18 de março de 2012

...Quase uma prece


Na vida tudo é movimento.
A natureza se move a cada instante...
A vida é um viveiro de pássaros,ornado
De rosáceas e arabescos...É bela! mas...
É preciso ficar atento, e , pousar leve,
Quase em silêncio, no tapete árido do
Tempo, senhor da razão, implacável.
Ouvir os acordes que vêm de longe, é preciso.
Escutar o coração, é preciso.



É preciso rogar pra chover no Norte,
É preciso a noite pra se ter o dia,
É preciso parir a pérola, a borboleta, o filho.
Chacoalhar os sentimentos, é preciso.
Ao sol, tirar-lhes o mofo,
À lua, banhá-los de luz.
    É preciso orar pra que demore a morte,
    É preciso um trevo...pra atrair a sorte!




   autoria:: Suzete Torres








    











quinta-feira, 15 de março de 2012

Negra rosa...




Teu perfil caminha pela casa.

Sugere um botão de rosa... de um

Escuro melancólico, lembrando teus

Olhos...uma luz sempre disfarçada.

Foste  segredo o tempo todo, mesmo

Em estradas planas. Ao contrário de mim...

Luz aberta, afluindo todo o tempo,

Para o amor expandido, mergulhado.

Foste o todo da metade, o espaço criado,

Compilador de silêncio, deixando deserta

Minha alma.

Imantaste meu coração.

Agora, por apego, caminha pela casa,

A procurar um canto...

Fique à vontade..ajeite-se!

Preciso olhar as estrelas, na noite.

São elas que me levam a refletir.

Sem o brilho intermitente das estrelas,

Enxergarei negro, todos os botões de rosa.

Aí então, nada valeu a pena!

Púrpura, amarela, vermelha, azul...

Cores que outrora, tanto quis 

Que enxergastes em mim!




"Obrigada, no entanto, pelos êxtases vividos e compartilhados"!


por:: Suzete Torres












quarta-feira, 14 de março de 2012

....É preciso

É preciso muito zelo,
Leveza, carinho...
Com o coração de
Uma mulher!


É preciso flores, 
Perfume, mimos...
Para a alma de 
Uma mulher!


É preciso o rouxinol
Cantando em sua janela
Para o desperta alegre
De uma mulher!


Mais que isso é preciso...
Compor em verso,
Uma melodia
Para tocar o mistério
De uma mulher!


E, a cada instante pedir
Baixinho,  perdão por




Querer tanto...
Essa mulher!


autoria:: Suzete Torres

























terça-feira, 13 de março de 2012

Rua São José

Foi assim: 
                Acordava com o raio de sol,
                Entrando pelo meu quarto,
                Mandando embora a penumbra
                Do sono...
                
                Café com leite à mesa, pão quente
                E manteiga...às vezes um pedaço de
                Queijo ou ovos na manteiga.  
                Uniforme passadinho, mamãe fazendo
                Um carinho...


                Vai com Deus, "venha pela sombra"...
                Era o jeito antigo de recomendar cuidado.
                O tempo contou depressa os ponteiros do
                Relógio...
                Tempo bom era aquele!..


                O que foi não mais será, tem de acostumar.
                Difícil deixar de lado, essa tal nostalgia...
                Mas venha e venhamos, não seria tão bom
                Se esse tempo voltasse? Que tempo bom, 
                Aquele!..


"Sem reminiscências, não é possível ter história"!

   autoria:: Suzete Torres
                       

segunda-feira, 12 de março de 2012

Como antes...




Tudo será como antes,

Quando a nuvem espessa,

No céu  dispersar.

Haverá o azul,

A lua, de norte a sul.

Haverá a estrela cadente,

E em pensamento, um pedido

Como presente.

Haverá ao longe o canto dos pardais,

O acorde afinado das confidências poéticas!

A tez clara, como antes, haverá...

A face desembaraçada, cai o peso do aço!

Haverá alvoradas e crepúsculos,

E o anoitecer,ah...se haverá!

Anjos pelo ar , raios de luz.

Aroma de malva bailando no incenso,

Na tênue fumaça, fios de algodão,

Memória da nuvem quando espalhou!..

Haverá de ser tudo que preciso!














autoria:: Suzete Torres



























sábado, 10 de março de 2012

Pra lá do horizonte





É bem lá, onde o horizonte não termina

Que o pregoeiro do amor esconde sua

Magia...

Vem de lá, a faísca que o vento sopra,

Incandescendo a alma, iluminando o vazio.

É lá, que o pregoeiro do amor finge não

Saber da chama que invade as melodias.

É pra lá, onde o horizonte não termina

Que levo meu pensamento, até que meu

Amor transmute, somente em poesia!

autoria:: Suzete Torres


sexta-feira, 9 de março de 2012

...Mãos

Mão tenra, túmida de ceiva
Espátula benigna que semeia
E colhe, com promessa e
Encantamento...
Fremente como um caule frágil,
Carrega a inesperada gestação
De um mistério rejeitado pelo
Não afeto, pelo não amor....
Hermeticamente, na solidão,
Busca no molusco, a concha
Que guarda sua pérola... e,
Feliz, segue em silêncio,com
A luz do dia... a noite não demora!













autoria:: Suzete Torres

quinta-feira, 8 de março de 2012

Alados ( Conto em poesia)



Minhas asas cruzaram as tuas,
Enquanto, no espaço cósmico,
Cintilavam as mais belas cores,
Ora em círculos, ora em espiral
Mixando as matizes , sutilmente
Estonteantes... 


À procura de liberdade, tu e eu
Abstraídos e alados,vivendo um
Pedaço de tempo, acasalamos
Nossas asas, por um sempre que
Não existiu...


Como todo pedaço de tempo, o
Nosso também morreu.
Outros vieram... morreram, mas
O cosmo ainda cintila, as cores
Se misturam, ainda...


Estivestes, talvez, distraído ao
Alçar um voo tão definitivo?
Sinto não saber se subistes em
Círculo ou em espiral...
Ao ver a lua, penso em círculo...
Ao sentir o vento, penso em espiral!..








autoria:: Suzete Torres

















quarta-feira, 7 de março de 2012

MULHER



Há um mistério qualquer, envolto em seda,

Qual pérola de água doce, de notável brilho

Pela luz do luar...flash de beleza que nunca

Termina.

Há um mistério espraiado no nada, onde num

Vazio branco, tudo abunda e se completa...

Há o amor fecundo, nunca derradeiro, a luz que

Não se apaga, a fibra das entranhas, há o coração

Acolhedor...mensageira do silêncio, és tu Mulher,

O mistério que se cala em toda a natureza!..

Mulher...o mel preferido pelo beija-flor!










autoria::: Suzete Torres














terça-feira, 6 de março de 2012

...e nem chegou o outono!






Desagarradas de suas hastes,

Secas e quebradiças, desfalecem

No solo ardente, as folhas dessa

Estação, que tristonhas e avulsas, num

Movimento de partida, se vão...




Frágeis, desprotegidas, amareladas e

Combalidas pelo sol castigante do

Verão, vão elas, arrefecidas, do verde

Que iluminou o corpo que as sustentou.

Sem água e sem ar, exaustas de calor,

Vão as folhas prenunciando a vinda da

Nova estação...




Faz-se a iminência do outono na anfitriã

Atmosfera que recebe com um certo refresco,

A visita do novo tempo...

Tempo de belos ocasos, linda manhãs, noites

Brisadas , luares de inspiração...

É o outono o declínio das antigas paixões, das

Madrugadas convulsas em pensamentos vãos.

No outono me sinto viva, pronta de coração, e,

Num movimento de encontro com minha haste

Vazia, tento novas folhas...verdes, muito verdes,

Pra não desmaiar, a poesia!...

autoria:: Suzete Torres









sábado, 3 de março de 2012

Voo livre

Que tuas cores alegrem o prado
Revigorem as flores, umedeçam a
Terra, verdejem a relva, verberem
O delírio das pragas daninhas que
Devastam os sonhos e aniquilam os
Desejos...


Que tuas asas se abram com força
De vida, clamando a beleza que do
Ocaso se avista, beijando a luz que
Visas da lua, elevando ao céu a prece
Esquecida...


Vá borboleta, de mim...avance teu voo
Eu te libero, com passe de volta...livre
Pra mim!!


autoria:: Suzete Torres


"Dai-me braços, abraços, laços...que me rendam luz"!
                                         (Suzete)

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Causos"....





A rede na varanda,

A lua lumiando o calcanhar,

No bule, café aromando,

E muita estória pra contar...





Melhor é apagar da ideia

Essa estória e nem contar...

Lembrança dá dor no peito,

É perigoso recordar...



Deixa a rede pro tempo, o café

E o luar...o tempo é que vai contar.

Sabe ele, que a moça do calcanhar

Lumiado, amou demais nessa vida...

Por isso ela pode chorar!


autoria:: Suzete Torres