segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Relicário

Guardei num relicário todo meu amor...

Essencialmente, o maior e mais raro dos

Sentimentos...

Fios de filigrana para ornar minha alma,

Guardei...

Notas do coração de uma essência, guardei.

Juras, palavras, carinhos, êxtases, perdão,

Lágrimas, risos, sonhos...uma vida guardei!




Abrir o relicário é preciso...uma ultima vez.

Depois, incinerá-lo e vislumbrar a chama.

O lacre oxidado pelo tempo se faz difícil

Para minhas mãos que fremem de medo.

Receio um frenesi...é preciso força!

Sei que sentirei o avesso da alegria...




Depararei com o contorno de mim,

Com minha alma ainda inteira, com

Meu corpo nu cheio de prazer e vida.

Sei que sentirei o avesso da alegria...

É morte que desejo ali...

E, se é morte que desejo, e, sendo a

Morte, definitiva e resoluta, que eu

Então não abra o relicário, nem lhe

Atei o fogo...




Penetrarei ao fundo de mim mesma,

E buscarei a menina que sustenta

Essa mulher triste...a menina que

Não quer morrer...senão consigo mesma...

A menina que não terá mais relicário porque

Aprendeu que guardar quimeras faz sombra

Fria, ao coração!


por:: Suzete Torres