Desalinho

A agulha com linha alinhava o linho
Escapa a linha, cai o linho
De novo a linha na agulha
Escapa de novo a linha
O linho já cansado,de tanto se alinhavar.
Linho,linha,agulha...
Parte a linha quando pensa
Que está quase a alinhavar
Mas que nada...cai a agulha
Sai a linha..
Cai o linho,pega o linho
O jeito é recomeçar!





Linha de novo na agulha
Recomeça a alinhavar...
Cai agora a agulha
Perde a linha,perde a agulha
Cai o linho,pega o linho,acha a agulha,põe a linha.
Quebra a linha,quebra a agulha...não quer alinhavar.
Mas Meu Deus!O que que é isso?-balbucia a cosedeira,bem baixinho
Eis que ouve,bem ao longe,uma voz que se aproxima e lhe diz:
Não é nada,minha filha...é só o coração em desalinho!!!!



Por:Suzete Torres

Extrato de mim

Eis que me vejo ressurgindo,num perdido sempre reencontrado...
Envôlta num manto de ternura,e,porque não,num sonho já sonhado!
Meu sonho estava guardado...
Fazer poemas,com ou sem rima,livre...improvisado.
É bom sentar-se novamente e ver ,num espaço em branco,o meu sonho
Realizado....
Não importa o perigo em julgamento,não preciso de nada alardeado.
Só me basta saber que tenho amigos e entre eles ,uma amiga bem-aventurada.
A amizade não se explica,ela só vem,não vai...
Ela pode adormecer,porém,a qualquer tempo com certeza acordará.
Contanto que minha vida não seja breve,quero continuar metrificando
Minhas palavras em versos,prosas e sonetos que exprimam o desejado.
Um tema,um poema...um verso,diverso...um soneto...imaginado.
Hei de seguir a estrada,com fé e mais nada.
O mais não me desconsola...Buscarei,nos versos meus,a paz que por muito procurei.
Hei de perseguir a noite, o dia, a natureza....sol,lua,terra fogo e ar...astros ,flores e raízes
Como um aljofre em minh'alma...irei sempre me encontrar!!!

Por:Suzete Torres

Eita,trem bão sô!

Toca o sino na matriz...a mãe diz:
Óia lá oces duas,o sacristão já tá
Chamanu e nem pronta oces tão.

Já vai mãe...diz a mais velha
Tô percurano o meu missar
A mãe toda apressada fala
Achei,fia ,tava incima do sofá

A mais nova ,rabujenta  retruca:
É hoje oce tem qui confessá
Porque onti seu prefumi
Num quis mi emprestá.

Vão,vão ,sinão oces perde a missa!
E recomenda:
Um pé lá outro cá.,
Cabô a missa vem pra casa
Pra mordi pudê almoçá.

Já limpei a galinha
O môi do macarrão tá pronto
Agora inté qui oces num chega
Pego no quintá,umas foia de armeirão...

Vão,vão...vão cum Deus!Reza pra mãe
Ah!!!e pru pai tamen.
E,lá vão as duas irmãs à missa do  domingo na matriz...
Confessam seus pecados originais,acompanham a missa
E em comunhão pedem as bençãos para os seus pais.

Voltam para casa,obedientes e prontas para almoçar.
Vão lavá as mão oces duas qui o almoço já vou punhá
À mesa, o pai numa ponta,a mãe na outra
E cada um no seu lugar.

Terminado o almoço o pai vai pra rede roncar
A mãe , a louça lavar...
As filhas,de boneca brincar.

Quando chega a tardinha,tudo pronto,tudo limpo
Vem a mãe bem de mansinho
Seu marido acordar.
Vamu véi,já pus água pra ferve
E diz:inquan eu pass o café
Oce tira as páia daqueles mii
Qui eu vo faze um curá...

Tudo feito,chama a mãe pelas meninas:
Vem, o café tá nu buli
E tem pamonha,curá e bolo de fubá!!
As meninas vão para a mesa e de novo
Assentam em seus lugares.

E,assim,despedindo-se da tarde e
Esperando a noite chegar
Sentam todos na varanda para a lua apreciar!!!!

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Por:Suzete Torres----Acredito que muitos de nós ,não "vivemos" isso,um dia.Porém acredito que um dia

quisemos vivê-lo,nem que fosse por um dia.