segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nos bastidores





Difícil é não ser...

Na coxia da vida,

Eu sou...

Quando as cortinas

Se abrem, não sou

Mais...







Sou o papel que

Me foi dado...

Sem talento, sem

Paixão...

Porque não sou

Atriz...

Sou mulher!

Simples assim...




Mulher de um só

Espetáculo...o da

Luz nas entranhas...

Mulher que sob

Uma cortina branca,

Não gritou...







Mordeu os lábios,

Num contido momento

De dor e, depois, extenuada,

Sorriu...







Difícil é não ser...

Na coxia da vida eu sou.

Sou eu mesma, a ciscar

Um sorriso, um afeto,

Um torrão de açúcar

Que me adoce o ser

Que sou!


por:: Suzete Torres












sexta-feira, 20 de abril de 2012

Bem-me-quer....

Vi meu humilde bem querer
Rasgando as folhas, ficando
Simples e sem fonte...

Vi meu suntuoso mal querer
Vadio e acorrentado à mercê
Da sorte...

Bem-me-quer, mal-me-quer...
Se bem me quis, eu também
Se mal me quis, eu bem quis!

Da folha do bem-me-quer
Eu só vi o amor...
Da folha do mal-me-quer,
Só a dor...

Mal-me-quer, bem-me-quer...
...a agonia da folha, querendo
Só bem-me-quer!

por:: Suzete Torres




















quinta-feira, 19 de abril de 2012

Folha em branco

Quero uma folha em branco,
Tão branca como o lírio em haste,
Antes do câmbio da tarde...
Dardejar muito brilho com salpicos
De lantejoulas,
Lambuzar de cores, meus dedos já
Entumescidos,
E percorrer a folha com toda liberdade.
Depois, sem repasses e acertos,
Ver a folha subindo pelas mãos de um
Menino...empinada com louvor até 
Desaparecer no espaço, ficando só 
Réstias de luz, imanentes das lantejoulas!
Para os ares a folha em branco...
Só o lúdico em cores!...


por::: Suzete Torres









segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Relicário

Guardei num relicário todo meu amor...

Essencialmente, o maior e mais raro dos

Sentimentos...

Fios de filigrana para ornar minha alma,

Guardei...

Notas do coração de uma essência, guardei.

Juras, palavras, carinhos, êxtases, perdão,

Lágrimas, risos, sonhos...uma vida guardei!




Abrir o relicário é preciso...uma ultima vez.

Depois, incinerá-lo e vislumbrar a chama.

O lacre oxidado pelo tempo se faz difícil

Para minhas mãos que fremem de medo.

Receio um frenesi...é preciso força!

Sei que sentirei o avesso da alegria...




Depararei com o contorno de mim,

Com minha alma ainda inteira, com

Meu corpo nu cheio de prazer e vida.

Sei que sentirei o avesso da alegria...

É morte que desejo ali...

E, se é morte que desejo, e, sendo a

Morte, definitiva e resoluta, que eu

Então não abra o relicário, nem lhe

Atei o fogo...




Penetrarei ao fundo de mim mesma,

E buscarei a menina que sustenta

Essa mulher triste...a menina que

Não quer morrer...senão consigo mesma...

A menina que não terá mais relicário porque

Aprendeu que guardar quimeras faz sombra

Fria, ao coração!


por:: Suzete Torres



















































quarta-feira, 11 de abril de 2012

Murmúrio

Dentro de mim há um rio que murmura...
A água da minha sede ignorante por ter
Desejado tanto, amado tanto, querido tanto!
Banhei todas as floradas de esperança, para
Afinal, sentir-me  ressequida, frágil, quebradiça,

Na estrada deserta, onde tudo é dúvida, tudo
Não passa de um eco no vazio torpe da pedra
Que oscila à procura do equilíbrio.
Dentro de mim há um rio que murmura...
A água arrastando obstáculos, abrindo um
Percurso novo, lavando a lama, murmurando 
Vida... agora, de gota em gota pra se viver!


por:: Suzete Torres








terça-feira, 10 de abril de 2012

O amor, mais uma vez...

Aventure-se numa estrela,


Para que eu possa lhe ver!


A beleza indizível do amor


Será o meu guia noturno,


Para eu lhe reconhecer...


O brilho terá de ser claro,


Mas de leve e devagar...


Só assim me sentirei única


À luz dos olhos seus!..




Se houver demora ao fitá-lo,


Será o momento do tempo,


Me entregando a certeza de


Um adeus que ficou por dizer,

Até mesmo na hora em que se

Diz adeus!...

por:: Suzete



















domingo, 1 de abril de 2012

A muda



Poda, apara, cuida da muda
Que muda de lugar para fortalecer
A raiz e preservar a espécie.

É preciso sol, mas nem tanto.
É preciso sombra, mas nem tanto.
Muito equilíbrio no trato, é preciso.

Muda de lugar, a muda...outro espaço
Na terra...nada de adubo inventado, só
Mesmo o que for natural...mais nada!

Água limpa pra orvalhar, amor no cuidar,
E terá a muda mudada, conquistado o
Seu lugar...

Aí então, no silêncio perspicaz da natureza,
A muda vingará...verdejante e robusta...
É vingado o destino, massacrante, da espécie!

autoria:: Suzete Torres