terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Camaleão







O camaleão muda de cor pra  confundir com a natureza. Pra se dizer da intemperança,




o céu altera o seu azul. Ondas do mar se fazem grossas, como espuma, para alertar os pesca-




dores sobre a maré...ou está pra peixe ou é só rede vazia. Pássaros alternam o voo, de alto para






rasante. No chão buscam alimento, no alto a liberdade.




Tempestade é anunciada quando as nuvens se amontoam, e , de brancas ficam cinzas...um cinza






tão escuro que tão logo surgem relâmpagos e trovoadas.




Estrelas cintilam na noite, ou até nem cintilam se o céu que lhes acolhe, estiver tão carregado.




A noite se torna dia quando surge a alvorada. O dia vira noite ao som das badaladas,




do relógio lá da igreja, pontuando as seis horas.




A lua tem suas fases, marcadas no calendário...vai crescendo e engordando até




Virar luar, em noite de lua cheia.




Voltando ao camaleão, bicho feio e enganador, não quero ser como ele pra disfarçar




Minha dor...quero ser como a lua...em cada fase, eu mesma...em sintonia plena com o




meio ambiente do amor!

autoria de :: Suzete Torres












sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O espelho





O espelho reflete o rosto da moça

Que, sobre seu destino, não refletiu

Um dia...

Espelhou-se em quimeras refletidas

Das promessas e fantasias...

Hoje, procura a moça o seu rosto,

Como fora um dia...

O espelho não reflete o que procura

A moça... hoje se espelha em seu

Destino e vai buscar outro espelho,

Sem quimeras e fantasias, que reflita

Simplesmente... o cansaço de uma vida!


autora:: Suzete Torres

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pierrô sem colombina





A madrugada sedenta de confetes

Ficou só...sem colombina e serpentinas.

A matéria pálida, como cera que se esqueceu

Do brilho, inerte e fria se descobriu...

Os lábios, antes cálidos, agora impassíveis,

Ao tocá-los,  a certeza do esfriamento

Insensível e eterno...

Na lapela da manhã ficaste gravado, e , até

Que tudo se desfaça pelo tempo, o silêncio

Mórbido se insinua...

Sem fluxo e sem luz, sem sonhos a querer,

Sem cirandas e fantasias... apenas o relicário

Da memória de cada um!




autora:: Suzete Torres

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sob....

Sobre a lápide, flores
Abaixo dela, o corpo inerte
Pela mão descorada, feia e
Arbitrária...que cala, sem hesitar.
Possessiva, cruel...leva e não devolve!
É o espectro do horror...é ela, que
Aniquila quem ama, que impõe sua
Vontade sem pedir licença, deixando
Ninhos vazios e corações apertados!
É ela, péssima mestre que não sabe
Ensinar a equação de sua fórmula...
É ela, que, em seu laboratório, pratica
A Física...traiçoeira e implacável,
É ela...
Sobre a lápide, flores...
Sob ela, a Morte!




por:: Suzete Torres 


"Sempre escrevo sobre saudade, mas hoje senti o desejo de nomeá-la...tenho esse direito!"





















quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um pouco do tudo





Cantamos sempre o mesmo canto,

Compartilhamos as mesmas alegrias,

Choramos juntos o mesmo pranto,

Caminhamos num único encantamento...

Criamos a sedução, um para o outro,

Foi você um pouco de alimento, fui eu

Um pouco de guarida...

Fomos nós, o trigo e mel por muito tempo...

Mão na mão...misterioso amor!

Há de ter um filó em tudo isso, que cobre

no tempo, o arrastão...você não é mais meu,

Eu não sou mais sua...

Será inesperada a descoberta...disfarçada de

Meu próprio engano, declino-me sobre as

Memórias e finjo um contentamento,e ,

Faço versos, deveras inexatos...

por:: Suzete Torres

..."e eu lhe direi: amigo, esquece...o meu esquecimento foi sozinha"!

Fleuma




por:: Suzete Torres






ИзображениеNa estrada, a neblina...

Não há rosas beirando o

Caminho...

Procuro uma rosa insolente que

Acorde a manhã que não quer acordar.

Essa fleuma me encalça, nela me

Desfaço...num cansaço de mim.

Oh! rosa, diz pra mim teu esconderijo,

Conte-me o teu segredo...mostre pra
                                                                                                   
                                                                                                    Mim tua cor...que eu criarei em

                                                                                                    Silêncio, um vale infinito de amor!                                                                                      

                                                                                                 








                                                 
                                               






























































quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Louvado seja...

Quanto riso e lágrima, sofrimento e dor,
Desesperança e esperança,
Solidão, prazer, apelo, consolo,
Mentira e verdade, vitória e conquista,
Derrota, desengano, paixão e morte...
Para que a vida valha a pena?


Canções e livros, suor e arte,
Azar ou sorte, o bem, o  mal,
Amor desperdiçado, ira, ódio,
Palavras não escritas, ditas
Ofensas, arrependimento...
Para que a vida valha a pena?

Noites mal dormidas, pesadelos,
Pílulas, o corpo e a forma, ócio,
Vigilância, vigília, trânsito, sinais,
Verde, vermelho e amarelo...
Para que a vida valha a pena?

Espelho, rugas, pele e cabelos,
Mãos e pés, pedestal e fama,
Compromisso, culpa e punição,
Fotos e vídeos, fatos e boatos...
Para que a vida valha a pena?

Quanta complicação! Não estariam
Certos os nômades, por certo, destino
Incerto...o sim e o não.
Amores únicos, predestinados...
E,.....
Louvado seja Deus, para que a vida valha a pena!
                                                                               por:: Suzete Torres

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ensaio

Para esconder o meu desejo,

Olho disfarçadamente para o
Meu corpo, como se fosse possível
Enganar minha vontade...

Assim se vão em pensamento, os mais

Longos momentos de pura e ingênua
Cumplicidade no contexto de um amor
Infinitamente belo, transgressor até, ao
Limite de quem ama...

Na prática da solidão, hoje, não compartilhada
Revelo em mim e para mim, o que sobrou desse
Amor: um lamento intrínseco, um pesar silencioso,
Um encontro frio com a distância amiga...entre eu
E tu!


por::Suzete Torres



"Encontros com minha essência me impedem o precipício final"!
                                               (Suzete)



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Silêncio





Boca que deseja

Abrir em leque os

Fragmentos de sentenças

Não pronunciadas...

O vazio...

Presença sem voz, apenas...

Minhas palavras não se

Rompem perante tanto

Silêncio explícito do

Não querer ouvir...

O "querer dizer"...sufoca,

Não há como...

Só o eco de um sussurro

Incompleto, ainda...

Presença física

Que não diz, cala...

Lábios semiabertos,

Sempre ensaiando dizer.

Fala...pra que eu possa

Escapar da angústia de ser

Única...

Receio um grito estridente

E histérico...

Lábios entreabertos,

Deixa que eu diga,

Ouça...retorna-me!

Não me aquiete mais

O verbo...

Deixa que eu o revele,

Pra que amanhã quando

Meus olhos estiverem

Semiabertos, e minha

Voz emudecida, não

Queira que eu responda

À pergunta, que, com certeza

Não lhe calará:: Porque?

por:: Suzete Torres

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Árvore do tempo



Hoje eu só quero sentir a brisa do tempo
Lembrando daquela jovem árvore que não
Ouviu o vento, deixou de florir nas tardes,e,
Nenhum pássaro a pousou...
Quero essa brisa leve, bem suave em minha
Pele, por onde o tempo passou...


Hoje eu só quero saber do vento, se ouviu
De minhas preces, tantos lamentos, tormentos,
Todo instante perdido, pedindo do sonho, a certeza...
Quero a cumplicidade do tempo, me
Querendo como sou...que o amor desordenado
Fez de mim sua bem amada, e , feridas curou!


Quero de volta a jovem árvore desejando o
Crescimento, florindo em manhãs e tardes,
Fazendo sombra aos enamorados, dançando
Com o vento breve, um pássaro azul em seus
Galhos, cantando...atraindo o amor!


Quero esse tempo em mim, agora passando
Lento, sorrindo em meu seio branco, molhando
Os lábios pintados, afagando as mechas prata,e,
Sobre meu corpo pousar...tão devagar... pra sentir
As curvas traçadas, contidas...e, contidas de tanto
Amor!




por:: Suzete Torres


" A noite preserva o perfume das flores das manhãs"!
(Suzete)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Manhã-mulher



A natureza e os sentidos despertam
Na manhã audaciosa e perigosa...
Sonho e realidade se misturam, num
Momento fugaz...imortalidade clássica
Das flores, que só desvanecem com o
Por do sol!...

A fragrância no ar, duradoura e pertinaz
Toca em mim, mulher, como um suave
Beijo úmido que inebria a alma, sugere
Um encantamento...deslizante pelo meu
Corpo, acordando os desejos.

Roubados de mim, a sensatez e pudor,
Desperto-me, e num instante mágico
Me visto, como a manhã, e , sem
Pensar em audácia e perigo, percorro
O jardim vestida de um cetim...macio


Como a pétala de rosa, fresco como as
Margaridas orvalhadas, rubro como os
Cravos...mistura clássica das notas do
Coração que se abrem num misterioso
Perfume de mulher!

por:: Suzete Torres


"Sempre há um amanhã...mas a feminilidade da manhã é a mulher"!
                                                  (Suzete)