sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

TEMPO

Tempo de concepção, germinar, parir....
Expulsar sem dor as palavras dormidas,
O grito que não se deu,
A lágrima que faltou cair...

Tempo de permissão, amar, sorrir...
Remexer sem dor as palavras dormidas,
O verbo contido,
O sujeito oculto na oração....

Tempo de regressar, acatar, fluir...
Derivar sem dor as palavras dormidas,
A flor que não se colheu,
O artigo que não se definiu

Tempo!
Amanhã saberei se estás voltando.


"Não importa se há um, dois ou mil colibris... o que vale é seu canto, vindo de qualquer canto"!



Suzete Torres





sábado, 16 de março de 2013

Tear


Um dia a se esquecer,
Outro a se lembrar...
Uma canção, um verso,
Um poema, um olhar.
Uma prece que se faz
Uma noite que fica
Nostalgia que chega,
Carícia a se querer...
Nessa trama transversa
Quando o sim é o não,
Quando o inverso se impõe,
Ato-me nos fios pendentes
Da estampa impressa no
Meu coração!!


Autoria:: Suzete


"A morte é um canto que às vezes por encanto vem nos alegrar"! (Suzete)

















quinta-feira, 14 de março de 2013

O retorno

Quero voltar para ser tocada de emoção,
Chorar, suspirar e até mesmo sorrir..
Um suspiro de morte interior, ainda não
Desencantada.

Quero extasiar meus sentidos com a
Fantástica luz da manhã, 
Vigorar um novo olhar,
Esquecer o que não se deve lembrar.

Quero voltar às palavras,
Ao meu ninho alfa,
Desadormecer,
Ir, ir...mas sempre voltar

Pelo mesmo caminho onde a rosa tombou...

Como tudo aquilo que retorna,
Porque não é permitido permanecer... 







Autoria:: Suzete





sábado, 19 de janeiro de 2013

Outra vez...
O amor que me ronda,
A cabeça que gira,
O corpo que sente...

Outra vez...
O amor dividido,
Um lugar escondido,
A vida se indo...

Outra vez...
O amor...
Será sempre o amor!

por:: Suzete Torres



sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Envelhecer explodindo de vida, alimentando-se do prazer. Envelhecer com os amigos, com os vizinhos, sem importar-se muito com o dogma e a sombra do preconceito. Envelhecer na santa paz de Deus, com a genética que Ele nos deu, envelhecer com Fé. Fé, paciência divina, que sustenta o espírito e faz da alma um menino travesso, sapeca e feliz... Fé de um guerreiro e de um aprendiz.
Envelhecer com a saliva e o paladar presentes na boca, com as lágrimas banhando os olhos, com a pele bronzeada pelo sol e pela lua, envelhecer com um sorriso largo no rosto afável, envelhecer como o bem que se quis, enxergando-se à frente do nariz.
Envelhecer não é tão doloroso assim. Para alguns é o fim do mundo, e eu me pergunto: - O mundo tem fim? Envelhecer é ganhar do tempo o tempo exato e lapidado para saber aproveitar, compartilhar, multiplicar todas as belezas e obras do sol nascente. Por que a sua idade mente?
Envelhecer é fazer da abobrinha o prato do dia e do açúcar a festa de domingo. Envelhecer é comer pela manhã, exercitar o corpo à tarde e relaxar ao anoitecer. É ir a praia, ao mercadinho, é ver novela, é ir ao cinema, ao shopping, é estar perto do que temos direito, é ser livre, é valorizar a pátria das células, o sangue que transita nas veias, e controlar a oxidação dos tecidos. Envelhecer é trazer no peito a medalha dos filhos, dos netos, dos bisnetos... é ver a cegonha várias vezes por ano, milhares de vezes sobrevoando o céu. Envelhecer é dar o colo confortável, o ombro, o abraço, o beijo apaixonado na face de um mimo querido. Saber envelhecer é qualquer carinho!
O que são as doenças? Elas dão na gente e não nas pedras, dizia a minha avó. Nunca escolhe o dia mais certo ou o mais errado para chegar e nem mesmo bate a nossa porta como uma convidada exemplar. Doença é coisa de velho... você tem certeza do que fala ou pensa???. Cuidado com a sua crença.
O controle da mente, a vontade de existir, a mão firme mesmo que frágil, um dia menos triste, espanta qualquer vírus, nos livra da maca, do convênio e da emergência.
Envelhecer é estar de bem com as árvores, é ver o pássaro colorido, é respeitar o tempo da felicidade, é gostar-se como se gosta dos amigos. Envelhecer é cantar, dançar, acreditar na sabedoria. Envelhecer é algo que me anima, possui ritmo e melodia. É experimentar prazeres e galgar descobertas.
Ah, este envelhecer transformou-se em arte, Van Gogh, Monet, Sinatra. Envelhecer é dar bombom aos netos, é brindar a tecnologia. Meu avô, minha avó... Velhos amados, que eu pude ter. Estar velho, antigo, idoso seja qual for o nome dado, importa muito pouco o rótulo. Importa muito mais a garantia de vida. Os hormônios, a atividade física, são recursos que podemos optar sem desmerecê-los. O sexo está no desejo e devemos a ele saciar.
Amigos, aproveitem, envelheçamos sem preconceitos, quero vê-los na casa dos 90 com os nossos 30, 40, 50 e etc.
Quero estar onde vocês estiverem, com ou sem rugas, com ou sem cabelos brancos, mas repletos de paz e alegria! A vida não se aprende nas cartilhas, ela está em nossas mãos! Envelhecer exige acima de tudo perseverança e muita paixão.

sábado, 3 de novembro de 2012

A arte de ser feliz 
Houve um tempo em que minha janela se abria 
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. 
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. 





Cecília Mireles

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Saudade

Quero um trem para a saudade
Um trítono incomodando a música européia de câmara
quero a escala heptatônica que não pode chegar ao fim
Minha burca de volta
Meus pára-quedas enluarado
Quero sementes de morfina pra quando a dor chegar
quero aproveitar o sol para quando a chuva cair
Sair nela chupando os artifícios do ar cheio de metais
E do metal precioso que um si bemol desafiador
Quero a afinação em Lá
Pois lá chegaremos com impulso gravitacional
quero sonhar com seus lábios de boca maior que meus sonhos
Não quero sua língua afiada em português clássico
Quero 'uai', 'talvez, meu filho', quero um beijo assassino de graça
Tantas trapaças que o tempo te dá
E peças que os destilados deslizantes de veneno calam
Quero a morte e a vida num brilhante dueto
Quero o seco, a economia de segredos, a poesia escarnada
A ordem mítica das canções modais
o erro plácido da noção de juízo
o Medo ácido do ruído nas músicas de câmara
Isso é física e matemática, brother
isso é espécie humana em movimento acelerado
hematomas, hemorroidas e cansaço...só pra escutar balela
Um poema antigo de Burroughs
Um mapa novo das mentiras que não disse
Mandei meus poemas pra bela moça
Ela tem de tê-los para quando eu não mais for entre vós
Abra a janela dos sentidos e vem ver o que me matou
Foi ao jogar call of duty sem capacete apropriado
Quero um uníssono para o sono e um ônibus pra saudade
Hoje o curral está aberto, as vacas serão marcadas a ferro e fogo
Não quero mais essa prisão
E agora sei tudo sobre o que quero
Só me resta querer.